27 de dezembro de 2017

A Sombra


A sombra é um dos conceitos mais importantes desenvolvidos por Carl Gustav Jung dentro da Psicanálise ou Psicanálise Junguiana, uma das especialidades do conhecimento psicológico que aprofunda a Psicanálise, criada por Sigmund Freud.

Este aspecto do ego humano é fundamental na conquista do aprimoramento da personalidade integral do Homem, ou seja, de sua individuação. Isto não ocorre sem a inclusão da sombra no mar de sua consciência, o ser não cresce, não completa este trabalho, o desenvolvimento do ‘eu’. Segundo Jung, a natureza sombria foi legada à Humanidade pelos estágios mais primitivos da existência, ao longo da jornada evolutiva empreendida pelo ser humano.

Como o indivíduo oculta nos recônditos de sua psique tudo que é rejeitado pelos padrões sociais e por si mesmo, aquilo que é definido como contrário à moral, do domínio da força bruta, ou seja, o monstro escondido dentro de cada um, o inconsciente é povoado com estas criações mentais ali reprimidas, e sem a limpeza constante deste conteúdo mental, é impossível o Homem ser livre, pois o fato de não pertencer à esfera da consciência não significa que a sombra deixe de influenciar as atitudes humanas.

O ser humano só tem acesso a sua natureza sombria quando tem a intrepidez necessária para mergulhar em si mesmo e empreender a imprescindível jornada de autoconhecimento, processo que pode ser facilitado pela Psicoterapia, mas que assim mesmo cabe a cada um realizar.

Geralmente, porém, as pessoas têm medo de olhar para si mesmas, de se verem como realmente são, e assim transmutar o que pertence ao campo das sombras. Normalmente o Homem prefere projetar no outro aquilo que ele rejeita em si mesmo, daí a importância de analisar com lucidez os aspectos da própria personalidade que são comumente transferidos para outras pessoas e situações.

O ângulo escuro do ser, as trevas que ainda residem na alma, o que cada ser tenta esconder de si mesmo, carece, segundo a Psicoterapia e a Psicanálise Profunda, ser conhecido, iluminado, para que se possa vencer e transcender estes conteúdos. Esta árdua tarefa deve ser realizada no âmago do Homem, que para isso precisa despertar no seu íntimo suas forças mais maléficas – pois a sombra também se revela, muitas vezes, sob terríveis aparências -, exilando-as de sua alma ao enfrentá-las com a luz da consciência.

O ser humano sempre temeu sua própria sombra, pois nela pressente a presença de tudo que, na verdade, desejaria esquecer ou fingir que nunca existiu. Mas sem a conscientização da natureza sombria não há processo de individuação que se sustente. É importante também perceber que este movimento de transformação é constante, pois uma vez que admite a existência da natureza sombria em seu interior, o Homem terá que lutar incessantemente contra ela, pois enquanto ele tiver o livre arbítrio, que pressupõe a escolha, algo será sempre relegado à margem, ou seja, ao âmbito da sombra.

Neste sentido, o indivíduo terá invariavelmente a companhia da sombra em sua viagem evolutiva rumo à individuação. E terá que derrotar sem cessar seus medos e tudo mais que o impeça de trazer à esfera da consciência o que está na periferia da psique, partindo constantemente da percepção de sua natureza sombria. Os sonhos podem contribuir muito para isso, muitas vezes constituindo o primeiro passo no processo de admissão da presença deste atributo negativo do ego, que pode igualmente se revelar positivo ao conferir intensidade à criatividade, à inspiração e a todas as emoções que envolvem o processo da criação.


Abraços Fraternais

16 de dezembro de 2017

O Lado Obscuro de cada um de Nós


Passou no seu casamento por aquilo que é quase um fato universal - os indivíduos são diferentes uns dos outros. Basicamente, constituem um para o outro um enigma indecifrável. Nunca existe acordo total. Se cometeu algum erro, esse erro consistiu em ter-se esforçado demasiadamente por compreender totalmente a sua mulher e por não ter contado com o fato de, no fundo, as pessoas não quererem saber que segredos estão adormecidos na sua alma. 


Quando nos esforçamos demasiado por penetrar noutra pessoa, descobrimos que a impelimos para uma posição defensiva e que ela cria resistências porque, nos nossos esforços para penetrar e compreender, ela sente-se forçada a examinar aquelas coisas em si mesma que não desejava examinar. 

Toda a gente tem o seu lado obscuro que - desde que tudo corra bem - é preferível não conhecer. 

Mas isto não é erro seu. É uma verdade humana universal que é indubitavelmente verdadeira, mesmo que haja imensas pessoas que lhe garantam desejar saber tudo delas próprias. 

É muito provável que a sua mulher tivesse muitos pensamentos e sentimentos que a tornassem desconfortável e que ela desejava ocultar de si mesma. Isto é simplesmente humano. 

É também por este motivo que tantas pessoas idosas se refugiam na própria solidão, onde não serão incomodadas. E é sempre sobre coisas de que elas não desejariam estar muito cientes. 

O senhor não é, obviamente, responsável pela existência destes conteúdos psíquicos. Se, apesar disto, ainda for atormentado por sentimentos de culpa, reflita então sobre os pecados que não cometeu e que gostaria de ter cometido. Isto poderá eventualmente curá-lo dos seus sentimentos de culpa relativamente à sua mulher.

Carl Gustav Jung, in 'Cartas'


5 de dezembro de 2017

A Psicanálise


Psicanálise é um campo clínico e de investigação teórica da psique humana, desenvolvido por Sigmund Freud, médico que se formou em 1881, trabalhou no Hospital Geral de Viena e teve contato com o neurologista francês Jean Martin Charcot, que lhe mostrou o uso da hipnose.

Sigmund Freud, o Pai da Psicanálise, médico neurologista austríaco, propôs este método para a compreensão e análise do homem, compreendido enquanto sujeito do inconsciente, abrangendo três áreas:


um método de investigação do psiquismo 
e seu funcionamento;


um sistema teórico sobre a vivência 
e o comportamento humano;

um método de tratamento caracterizado 
pela aplicação da técnica da Associação Livre.

Essencialmente é uma teoria da personalidade e um procedimento de Psicoterapia; a Psicanálise influenciou muitas outras correntes de pensamento e disciplinas das ciências humanas, gerando uma base teórica para uma forma de compreensão da ética, da moralidade e da cultura humana.

Psicanálise refere-se à forma de Psicoterapia baseada nas teorias oriundas do trabalho de Sigmund Freud; Psicanálise é, assim, um termo mais específico, sendo uma entre muitas outras formas de Psicoterapia.


Por que a Psicanálise?

A Psicanálise se difere de algumas Terapias que tem como objetivo “eliminar o mal pela raiz”, como se diz em linguagem popular. Acredita-se que há muitos sofrimentos que não cessam simplesmente com uma amputação do mal, como se o mal tivesse uma causa apenas externa, como se fosse diretamente provocado por alguém ou algo que nos faz mal. 

Tratar apenas das manifestações sintomáticas, seria como tentar resolver o vazamento de uma represa colocando o dedo no furo de onde escapa a água. Um dia, isso vai dar as caras novamente, em um outro lugar ou a partir de uma outra situação apresentada em nossas vidas. Ao contrário de uma eliminação, de uma solução instantânea, a Psicanálise convida seus clientes a se confrontarem com a sua própria dor. 

Acredita-se, assim como Freud acreditava, que todos temos responsabilidade frente ao rumo que tomamos em nossa vida. Ao contrário de vítimas dos acontecimentos, de receptores passivos de um certo saber – seja médico, psicológico ou o que for -, os sujeitos são convocados pela Clínica Psicanalítica a serem partes integrantes do próprio tratamento.


2 de dezembro de 2017

A Psicanálise de Freud

Psicanálise é um campo clínico e de investigação teórica do comportamento humano, desenvolvido por Sigmund Freud.

Freud, propôs este método para a compreensão e análise do homem, compreendido enquanto sujeito do inconsciente, abrangendo três áreas:
um método de investigação da mente e seu funcionamento;
um sistema teórico sobre a vivência e o comportamento humano;
um método de tratamento psicoterapêutico.

É, assim, uma teoria da personalidade, e um processo de Psicoterapia. A Psicanálise influenciou o crescimento das ciências humanas, da ética, da moralidade e cultura humana.

Freud recolheu reflexões e dados junto dos seus pacientes, procurando o significado mais profundo das perturbações psicológicas. A Psicanálise é o modo como nossos desejos e pensamentos se expressam através dos nossos sonhos, o modo como agimos e sonhamos. Esta teoria procura explicar a forma como as diferenças de personalidade e conflitos surgem na nossa infância. 

A Psicoterapia trata os distúrbios emocionais, trabalhando com clientes.
Freud levantou questões como a vida e a morte, complexo de édipo, traumas, a civilização, interpretação de sonhos, a importância da sexualidade nas nossas vidas...

Posteriormente, Freud apresentou a organização da Psicanálise através da estrutura id, ego e superego.

O ID é uma parte da psicanálise, constituída por conteúdos como desejos, que posteriormente são recalcados. Há uma procura do prazer e da satisfação. O id impulsiona o ego e a sua atividade é inconsciente."(...) é a parte obscura, impenetrável, da nossa personalidade.

O EGO constitui-se no primeiro ano de vida. A energia do ego vem das pulsões do ID. Tem preocupações lógicas de espaço e de tempo. O ego opõe-se a certos desejos do id, e a sua atividade é sobretudo consciente, tentando ser moral."A estrutura do ego, é composta de conhecimento e de defesa. 

O SUPEREGO é formado a partir do ego, após o complexo de Édipo. É constituído pela interiorização de imagens idealizadas dos pais e das regras sociais. É, assim, a base da consciência moral. O superego age sobre o ego, filtrando os conflitos do id/ego e a sua atividade é essencialmente inconsciente.O superego é a terceira instância do aparelho psíquico.